11/09/2013

hoje não me movo

"...hoje não te toco… hoje não te beijo nem te abraço... hoje estou quieto à tua disposição… apenas corpo solto sem amarras nem vontade... hoje não te toco… hoje só tu tens esse poder, o de me fazer ficar quieto inteiramente entregue à tua fantasia, à tua gula de prazer... o duche quente provocou em mim uma modorra e uma vontade enorme de nada fazer, nem de me mover… de corpo nu e ainda húmido, deitei-me na cama de barriga para baixo com os braços ao longo do corpo e com a cabeça olhando para a esquerda... fiquei assim largos momentos até te sentir entrar no quarto... pelo espelho da cómoda vi-te de corpo inteiro olhando para mim… sorrias e com muita lentidão começaste a tirar a toalha de banho que te cingia o corpo... ficaste nua nessa tua pele de cor acetinada linda que tanto me fascina... não vias que te via... aproximaste-te da cama e de joelhos te posicionaste junto do meu corpo... não me movi... nada dissemos... passaste tua perna esquerda por cima de mim e te sentaste sobre as minhas nádegas de tal forma que senti o teu sexo junto do meu rabo... já não te conseguia ver pelo espelho... somente te sentia, quente e fresca com algumas gotas de água morna caindo sobre as minhas costas... tuas mãos pousaram sobre os meus ombros e teu tronco se aproximou das minhas costas de forma a sentir o pousar lento dos teus seios... senti teus mamilos endurecerem lentamente pelo contacto e fricção que começaste a fazer… ao mesmo tempo, a tua língua tocava ao de leve a minha orelha esquerda provocando-me um arrepio de prazer... ficaste assim longos momentos, usufruindo apenas o contacto do meu corpo inerte... depois, senti tuas mãos mexerem-se por baixo do meu peito e apertarem forte os meus mamilos… desceram lenta mas inexoravelmente para baixo de encontro ao meu sexo… encontraste-o inteiro e duro e o acariciaste da forma que quiseste... teus seios continuavam a roçar as minhas costas e a tua pélvis insinuava-se cada vez com mais força nas minhas nádegas... levantaste-te o suficiente para que me fizesses voltar de barriga para cima… olhei-te e adorei teu corpo altivo sobre mim… na mesma posição em que estiveras, subias agora para que o teu sexo se sentasse literalmente na minha boca… não me movia mas não consegui resistir e a minha língua moveu-se dentro dele em movimentos doces… senti apenas a minha respiração compassada mas aumentando de intensidade por virtude do prazer que me invadia... ainda sentada dessa forma conseguiste num movimento gracioso inverter a posição de forma que fizeste uma inversão perfeita… estavas agora com a tua vagina na minha boca e com a tua boca brincando com o meu sexo... conseguimos estar dessa forma o tempo suficiente para enlouquecermos... naquele quarto nada mais se ouvia do que o arfar compassado das nossas respirações... comecei a sentir o agridoce gosto do teu mar escorrer pela minha garganta... já não estava a conseguir aguentar muito mais tempo e parece que adivinhaste esse momento… viraste de novo a posição de forma a ficares virada para mim e sentada sobre a minha púbis introduziste o meu sexo na tua vagina… senti a profundidade da mesma ser invadida vezes sem conta em movimento rítmicos... a intensidade aumentava segundo a segundo e num momento mágico sentimos que aquele seria o momento da fusão... foi aí que deixaste cair teu peito sobre o meu peito e abraçados então num abraço louco de amor profundo, senti teus lábios quentes junto dos meus e teu sexo vibrar em palpitações ao mesmo tempo que o meu orgasmo te invadia as entranhas... um som rouco proveniente das nossas respirações confundiu-se com os gemidos de prazer que deixaste então sair da tua alma… aquele momento não tem comparação com qualquer outro momento… é um momento único... hoje não te toco… hoje não me movo... hoje sou apenas corpo, loucamente louco..."

05/09/2013

grito

...eu tinha qualquer coisa para te dizer, algo que já anda dentro de mim há milhares de anos e nunca tive essa oportunidade... ...há dias, quando surgiste na minha vida, um pouco alheada do próprio mundo, quando ali surgiste espelhada na minha alma, eu estive quase quase para te dizer... ...penso que me faltou a coragem e a voz se me embargou… calei dentro de mim o que deveria ter gritado; talvez tenha esquecido a forma de gritar, talvez só saiba calar... não sei... já não sei... ...mas eu tinha qualquer coisa para te dizer, algo que me possui e me rasga a mente, num acto demente do meu próprio ser de aqui estar sem saber falar, sem saber o que te dizer, sem saber gritar o que tanto tenho calado... milhares de anos de silêncio dentro de mim... ...milhares de anos de solidão da minha própria voz… milhares de anos de espera que surjas ali à esquina, em qualquer lugar, e num momento de paz eu te possa gritar todo o meu amor... ...áhh dor que dói e me corrói a alma de tanto calar esta tão louca forma de te amar... dor de aqui estar e não saber o que te dizer, de não saber traduzir esta minha forma de tão somente te sorrir... ...e sorrio-te a todo o instante, aqui, ali, em qualquer lugar ainda que distante... não me preocupa se me ouves, se escondes as palavras que tão docemente me são devolvidas porque não enviadas… doces palavras de paz, ternura, carinho, amor... em doses de candura mas eivadas de toda a minha dor... ...estão aqui, eu sei… mas sei, também, que tinha qualquer coisa para te dizer… como posso gritar se a voz se me tolda em silêncios ocos e sem eco ou se com eco ecoam apenas dentro do meu vazio, um vazio que não preencho ou se preencho apenas o preencho com a minha própria alma já de si tão gasta por durante todos estes milhares anos não me teres dito: Basta!...