19/11/2013

TUDO NA VIDA TEM UM FINAL

… faz hoje 10 anos que, a medo e muito devagarinho, nascia o blogue “Lobices” … nasceu no berço do Sapo a 19 de Novembro de 2003... ao longo do tempo tomou forma, cresceu e tornou-se maior do que o seu progenitor pensara alcançar... mas, como tudo na vida, o tempo tem os seus efeitos e o cansaço leva a uma menor assistência e os danos provocam a “morte” … é, pois, com tristeza que o lobices chega ao seu fim... foram 10 anos de presença, de amizade e de alguma alegria misturada com uma dose de tristeza.. muita coisa aconteceu... muita água passou por baixo da ponte dos afectos e a erosão fez o seu caminho... chegou, pois, a hora de me despedir dele não sem recordar o livro que ele produziu... foram muitas palavras escritas ao longo destes 10 anos... não tenho mais palavras para o alimentar... digo-lhe adeus com um sorriso e um grande abraço de amizade... obrigado a todos os que estiveram com ele... ele esteve sempre com todos vós... adeus (assim mesmo, com simplicidade...)

11/09/2013

hoje não me movo

"...hoje não te toco… hoje não te beijo nem te abraço... hoje estou quieto à tua disposição… apenas corpo solto sem amarras nem vontade... hoje não te toco… hoje só tu tens esse poder, o de me fazer ficar quieto inteiramente entregue à tua fantasia, à tua gula de prazer... o duche quente provocou em mim uma modorra e uma vontade enorme de nada fazer, nem de me mover… de corpo nu e ainda húmido, deitei-me na cama de barriga para baixo com os braços ao longo do corpo e com a cabeça olhando para a esquerda... fiquei assim largos momentos até te sentir entrar no quarto... pelo espelho da cómoda vi-te de corpo inteiro olhando para mim… sorrias e com muita lentidão começaste a tirar a toalha de banho que te cingia o corpo... ficaste nua nessa tua pele de cor acetinada linda que tanto me fascina... não vias que te via... aproximaste-te da cama e de joelhos te posicionaste junto do meu corpo... não me movi... nada dissemos... passaste tua perna esquerda por cima de mim e te sentaste sobre as minhas nádegas de tal forma que senti o teu sexo junto do meu rabo... já não te conseguia ver pelo espelho... somente te sentia, quente e fresca com algumas gotas de água morna caindo sobre as minhas costas... tuas mãos pousaram sobre os meus ombros e teu tronco se aproximou das minhas costas de forma a sentir o pousar lento dos teus seios... senti teus mamilos endurecerem lentamente pelo contacto e fricção que começaste a fazer… ao mesmo tempo, a tua língua tocava ao de leve a minha orelha esquerda provocando-me um arrepio de prazer... ficaste assim longos momentos, usufruindo apenas o contacto do meu corpo inerte... depois, senti tuas mãos mexerem-se por baixo do meu peito e apertarem forte os meus mamilos… desceram lenta mas inexoravelmente para baixo de encontro ao meu sexo… encontraste-o inteiro e duro e o acariciaste da forma que quiseste... teus seios continuavam a roçar as minhas costas e a tua pélvis insinuava-se cada vez com mais força nas minhas nádegas... levantaste-te o suficiente para que me fizesses voltar de barriga para cima… olhei-te e adorei teu corpo altivo sobre mim… na mesma posição em que estiveras, subias agora para que o teu sexo se sentasse literalmente na minha boca… não me movia mas não consegui resistir e a minha língua moveu-se dentro dele em movimentos doces… senti apenas a minha respiração compassada mas aumentando de intensidade por virtude do prazer que me invadia... ainda sentada dessa forma conseguiste num movimento gracioso inverter a posição de forma que fizeste uma inversão perfeita… estavas agora com a tua vagina na minha boca e com a tua boca brincando com o meu sexo... conseguimos estar dessa forma o tempo suficiente para enlouquecermos... naquele quarto nada mais se ouvia do que o arfar compassado das nossas respirações... comecei a sentir o agridoce gosto do teu mar escorrer pela minha garganta... já não estava a conseguir aguentar muito mais tempo e parece que adivinhaste esse momento… viraste de novo a posição de forma a ficares virada para mim e sentada sobre a minha púbis introduziste o meu sexo na tua vagina… senti a profundidade da mesma ser invadida vezes sem conta em movimento rítmicos... a intensidade aumentava segundo a segundo e num momento mágico sentimos que aquele seria o momento da fusão... foi aí que deixaste cair teu peito sobre o meu peito e abraçados então num abraço louco de amor profundo, senti teus lábios quentes junto dos meus e teu sexo vibrar em palpitações ao mesmo tempo que o meu orgasmo te invadia as entranhas... um som rouco proveniente das nossas respirações confundiu-se com os gemidos de prazer que deixaste então sair da tua alma… aquele momento não tem comparação com qualquer outro momento… é um momento único... hoje não te toco… hoje não me movo... hoje sou apenas corpo, loucamente louco..."

05/09/2013

grito

...eu tinha qualquer coisa para te dizer, algo que já anda dentro de mim há milhares de anos e nunca tive essa oportunidade... ...há dias, quando surgiste na minha vida, um pouco alheada do próprio mundo, quando ali surgiste espelhada na minha alma, eu estive quase quase para te dizer... ...penso que me faltou a coragem e a voz se me embargou… calei dentro de mim o que deveria ter gritado; talvez tenha esquecido a forma de gritar, talvez só saiba calar... não sei... já não sei... ...mas eu tinha qualquer coisa para te dizer, algo que me possui e me rasga a mente, num acto demente do meu próprio ser de aqui estar sem saber falar, sem saber o que te dizer, sem saber gritar o que tanto tenho calado... milhares de anos de silêncio dentro de mim... ...milhares de anos de solidão da minha própria voz… milhares de anos de espera que surjas ali à esquina, em qualquer lugar, e num momento de paz eu te possa gritar todo o meu amor... ...áhh dor que dói e me corrói a alma de tanto calar esta tão louca forma de te amar... dor de aqui estar e não saber o que te dizer, de não saber traduzir esta minha forma de tão somente te sorrir... ...e sorrio-te a todo o instante, aqui, ali, em qualquer lugar ainda que distante... não me preocupa se me ouves, se escondes as palavras que tão docemente me são devolvidas porque não enviadas… doces palavras de paz, ternura, carinho, amor... em doses de candura mas eivadas de toda a minha dor... ...estão aqui, eu sei… mas sei, também, que tinha qualquer coisa para te dizer… como posso gritar se a voz se me tolda em silêncios ocos e sem eco ou se com eco ecoam apenas dentro do meu vazio, um vazio que não preencho ou se preencho apenas o preencho com a minha própria alma já de si tão gasta por durante todos estes milhares anos não me teres dito: Basta!...

30/07/2013

ENSAIO SOBRE A LOUCURA

“…acordei por volta das 3 e 15 da manhã… sim, era isso… olhei para o relógio da mesinha de cabeceira e marcava 3 e 15… é um daqueles relógios de ponteiros luminosos… olhei para o tecto sem saber porque razão acordara, mas lembro-me que talvez tenha ouvido a porta de um carro, lá fora, a bater ao fechar-se… olhei de seguida para os buraquinhos das frinchas da persiana da janela e divisei a luz da noite… a rua tem candeeiros e vê-se essa luz ainda que difusa… Senti o corpo morno e passei a minha mão pelos meus seios acariciando os bicos do peito… deixei a minha mão descer pela barriga até sentir o meu sexo e desejei ter-te ali comigo… a minha mão acariciou os pelos púbicos e lentamente introduzi um dedo na minha vagina… deixei-me estar assim durante uns momentos e lembrei-me de ti… lembrei-me de todos os momentos que te tive e que a meu lado te senti… sabes, quando me abraçavas e me sentia pequenina, dessa forma mágica que tinhas de me abraçar… quando me beijavas e me sentia desfalecer ao sentir a humidade dos teus lábios… sabes, não sabes?… sei que sim… lembras-te daquele dia em que nos encontramos pela primeira vez?… o dia em que nos olhamos e os nossos corações bateram?… aquele dia mágico que marcou o resto dos outros nossos dias?… acordei sem saber por razão acordava mas penso que a saudade marca o sonho e, se calhar, estaria a sonhar contigo… lembras-te daquele dia em que estavas sentado no sofá da nossa sala e me ajoelhei a teus pés?… lembras-te de termos feito amor na mesa da cozinha?… lembras-te daquelas férias que tivemos na montanha e lembras-te de certeza de termos feito amor deitados naquele chão branco de neve… lembras-te de, no fim, teres lavado o teu sexo com a fria neve que estava ao nosso lado?… lembras-te como ele ficou pequenino por causa do frio?… lembras-te como nos rimos às gargalhadas?… e daquele dia que fizemos amor no carro?… a meio, deste um grito porque te aleijaste numa perna com o travão de mão?… sim, porque não te haverias de lembrar, se eu me lembro tão bem… e daquela outra vez na praia, escondidos numa duna, quando eu fiquei cheia de areia… acordei às 3 e 15 e já são 3 e 40!… 25 minutos a pensar nisto… sinto-te em mim, meu amor e não estás aqui presente… mas sinto-te… sei que sou eu que me acaricio mas é como se fosses tu… sinto como se fossem as tuas mãos, o teu corpo quente, o teu hálito a maçã que costumavas comer a toda a hora… eras doido por maçãs… nunca soube porquê… nunca considerei isso importante mas era importante para ti, não era?… os teus beijos quentes e húmidos, num saltitar constante entre os meus mamilos e a minha boca… como beijavas tão bem… mas sei que mesmo que beijasses mal, para mim era sempre bom, doce, quente, por vezes abrasador… como eu costumava dizer que acendias em mim o fogo da lareira sempre acesa… eu sei que fui sempre “louca” por ti mas tu sempre gostaste de mim assim… eu sei que sim… eu sentia que tu gostavas de mim assim… tu também eras louco, sabias?… sim, a tua loucura me incendiava e quando nos rebolávamos na cama parecia que tudo se partia e a cama chiava… como nós nos riamos disso… coisas giras e loucas, não eram?… meu bem, como me lembro de ti assim?… porque acordei eu a pensar em ti?… porque é que ainda penso em ti ou porque é que estou sempre a pensar em ti?… sabes que não há um único momento da minha vida que não pense em ti?… eu sei, eu sei que dizem que estou louca… mas eles não sabem que já não estou louca, já estive, sim já estive louca por ti… agora já não estou… estou feliz, triste mas feliz e tu sabes porquê, não sabes?… sabes, eu sei que sabes… já são 4 da manhã… acho que vou dormir um pouco… penso que vou sonhar contigo e depois, depois voltar a acordar para pensar mais uma vez nos nossos dias felizes, nos dias que passamos juntos, naqueles dias em que a loucura era permitida e nada mais interessava… até ao dia em que te foste… nunca soube porquê, porque me deixaste, porque não me quiseste mais… porquê, meu amor?… o sono está a regressar… sabes, deram-me mais uma injecção e vou ter de dormir, sim?… vou dormir mais um pouco, meu amor… mais um pouco… mais um pouco… como ainda te amo… sim, serei sempre a tua Maria, meu amor… tua para sempre… para sempre…a tua Maria..."

05/06/2013

A ETERNA PROCURA

“… avanço na direcção certa ainda que não saiba o caminho, mas avanço… não me deixo ficar a olhar para a vereda que já percorri… avanço em frente, passo a passo, com cuidado mas com força e determinação… não são os meus pés que caminham mas a minha alma, o meu sabor de caminhar e o meu saber de que o estou a fazer… avanço porque quero… porque espero… porque sei que vou encontrar… o que quer que seja ou qualquer que seja o meu destino, a minha meta, a minha linha de chegada (a linha de partida já se esvaiu da minha memória), eu sei que a recompensa está lá… seja ela minúscula ou enorme… mas não é o seu tamanho que me move… mas sim o ter de ser… o querer, o amor, o desejo de amar… o caminho mais nobre, mais salutar do ser humano: amar!… vou sem olhar para trás… afasto os escombros dos prédios destruídos da guerra que se travou dentro e fora de mim ao longo dos anos e que foram ficando ali à minha frente porque nada pode ficar para trás… não devemos olhar para trás, não, mas tudo o que passou vai connosco na nossa caminhada… é preciso, pois, afastar o entulho, o pó, as pedras aguçadas que nos cortam o ser e continuar a correr… a percorrer… a olhar em frente, erectos, de cabeça erguida, de olhar brilhante e não turvado por uma ou outra lágrima que teime em cair… apenas tenho de ir… e vou… avanço sem medos, sem receio do que vou encontrar… o que lá estiver será o que calhar, o que tiver de ser… o que lá estiver, no final da caminhada será apenas o meu tudo ou o meu nada… mas o que quer que seja, seja tudo ou seja o nada, o que quer que seja, será meu… meu para abraçar, para abarcar, para enlaçar, para gritar ao mundo que por mais desconhecido que seja o fim do caminho, devemos avançar, com ternura, com amor, com garra, com dor se preciso for, com todo o afinco, com todas as nossas forças na procura do nosso “graal”, na busca do sentido da nossa vida, para que no acto final, qualquer que ele seja, eu saiba que fiz tudo o que me foi possível para saber que valeu a pena, que nada perdi, que fui quem fui, que sou quem sou, que serei quem tiver de ser, no aceitar único de que o percurso certo e correcto é apenas saber e querer amar…” (photo from google)

08/04/2013

acabaram as palavras

“... terminaram as palavras... as letras deixaram de existir... as frases já não podem ser formuladas e a comunicação escrita ou oral findou... o Homem deixou de poder dizer um simples vocábulo e nem um só ditongo se consegue escrever ou articular... mas a sua necessidade de gritar leva-o a inventar novas formas de comunicar... passa a usar o seu corpo para insinuar as sílabas e começar a juntar os elementos que formam a ideia, a imagem ou apenas o sentido... o seu corpo passa a ser a caneta ou a corda vocal... e as mãos tocam ali, acolá ou aqui... movem-se no espaço e sentem que do outro lado existem outras mãos que fazem o mesmo... e todos começam a gesticular... e do gesto, passam ao encontro, ao toque mútuo, ao abraço, ao enlace, à carícia, ao beijo, à ternura, a todo o género de acto que defina um desejo de comunicar, de dizer: estou aqui, estás aí, podemos falar?... então trocam-se os toques e todos se movem no mesmo sentido... no Mundo existe o silêncio mas passou a existir o abraço... algo que o Homem já havia esquecido há muito... e apesar de o riso não ser articulado, existe o sorriso... e apesar do grito se ter silenciado a lágrima pode escorrer pela face e dessa forma se diz o que se passa, o que se sente, o que se deseja, o que se vê e o que se quer que seja entendido... o Homem calou a voz mas não consegue deixar de comunicar... e o seu corpo passa a ser o elemento base dessa acção... e, dessa forma, mesmo não podendo dizer que se ama, pode-se dizer o mesmo num sorriso, num beijo, num toque, num abraço, num desejo... e o Amor, por mais que o Homem possa perder as suas faculdades, jamais morrerá... e Amar, continuará a ser o único caminho!...” (photo from google)